Antônio
Marcos Ferreira[1]
A
investigação freudiana sobre a origem do processo de aprendizagem tem seu ponto
de partida na teoria do Desejo de Saber. Mas em que consiste tal teoria?
Sigmund
Freud nos esclarece sua concepção mostrando-nos
as perguntas pioneiras que se geram na mente de cada criança. Tais
perguntas estão inclusas num período da vida que Freud chama de “fase dos
porquês?” Mas, afinal o que busca uma criança quando quer aprender algo? Ou
ainda, que razão motiva uma determinada criança a ir em busca de determinado
conhecimento? Porque será que tantas perguntas surgem na mente de uma criança?
Para
Freud todas as perguntas da criança podem ser resumidas na pretensão de
entender dois “porquês” fundamentais na vida: 1- Por que nascemos? 2- Por que
morremos? Ou ainda, de onde viemos? e para onde vamos?
Entende
Freud, que o momento crucial na vida de todo ser humano se dá na descoberta da
diferença sexual e essa descoberta é responsável por promover a definição da
criança no mundo, que segundo Freud não depende necessariamente da observação
do mundo, mas de sua passagem pelo complexo de Édipo, que para ele é o que
permitirá a criança definir-se sexualmente (isto após ter extraído das relações
com o pai e/ou com a mãe as referências necessárias a essa definição).
Segundo
Freud, o conhecimento é resultante daquilo que ele chama de castração. É angústia
da castração que a conduz à busca do conhecer, ou do querer saber. Porque as
pessoas são diferentes sexualmente?Porque meninas e meninos tem os corpos deferente?
Essas
perguntas colocam a criança em diante de imensa perplexidade, o que gera na
mente da criança a sensação da perda, ora, se meninas e meninos são diferentes
pode ser que em algum dia eram iguais. As
diferenças foram certamente geradas pela perda (É isso que se passa na mente da
criança segundo) essa sensação de perda é para Freud o que envolve a criança no
desejo da descoberta. Os questionamentos de ordem sexual demarcam as primeiras
empreitadas da criança na busca do conhecer, as descobertas sexuais são as
indagações pioneiras da criança. Todavia entenderá Freud, que ao aos poucos
essas indagações serão reprimidas pelo processo cultural, onde outras
indagações serão substituídas pelas antigas investigações sexuais.
O
processo de aquisição cultural ou aprendizagem é para Freud, intermediado por
alguém que ocupa um lugar do pai ou da mãe no mundo da criança. Para Freud é o
professor quem inevitavelmente será o alvo daquilo que ele chamará de
transferência, onde a criança substituirá o pai ou a mãe pela figura do mestre,
desta feita o professor assumirá uma extraordinariamente perigosa que poderá ao
mesmo tempo resultar em consequências positivas ou negativas no processo de
aprendizagem. Caberá ao educador a inevitável tarefa de saber decidir que ações
deverá tomar diante de determinada
situação.
Se
por um lado a tentativa de repreensão à atividade transferencial exercida pela criança poderá ser uma atitude
cruel por parte do professor, por outro lado aceitar as condições da
transferência sem reação (mesmo com uma intenção positiva) será uma atitude
muitíssimo perigosa. Assim o professor é quem deverá buscar agir de forma
sempre racional e coerente, não sendo radical jamais em sua decisão, já que o
que está em jogo é toda uma vida de aprendizagem que começa na infância.
[1] Graduado em
Filosofia (Bacharelado e Licenciatura Plena) pela Universidade Federal
do Pará - UFPA. Pós-graduado em Educação, Diversidade e Inclusão Social pela
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
Professor da Rede Estadual de Educação – SEDUC/PA. Coordenador do Núcleo de Cultura e Educação
Popular do Instituto Caboclo da Amazônia.
Membro da Academia Igarapémiriense de letras cadeira nº 01- patrono Manoel
Alexandrino Correa Machado.
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