sexta-feira, 27 de maio de 2016

EDUCAÇÃO, CULTURA E SEXUALIDADE EM FREUD: UMA ABORDAGEM SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E AFIRMAÇÃO CULTURAL


Antônio Marcos  Ferreira[1]

A investigação freudiana sobre a origem do processo de aprendizagem tem seu ponto de partida na teoria do Desejo de Saber. Mas em que consiste tal teoria?
Sigmund Freud nos esclarece sua concepção mostrando-nos  as perguntas pioneiras que se geram na mente de cada criança. Tais perguntas estão inclusas num período da vida que Freud chama de “fase dos porquês?” Mas, afinal o que busca uma criança quando quer aprender algo? Ou ainda, que razão motiva uma determinada criança a ir em busca de determinado conhecimento? Porque será que tantas perguntas surgem na mente de uma  criança?
Para Freud todas as perguntas da criança podem ser resumidas na pretensão de entender dois “porquês” fundamentais na vida: 1- Por que nascemos? 2- Por que morremos? Ou ainda, de onde viemos? e para onde vamos?
Entende Freud, que o momento crucial na vida de todo ser humano se dá na descoberta da diferença sexual e essa descoberta é responsável por promover a definição da criança no mundo, que segundo Freud não depende necessariamente da observação do mundo, mas de sua passagem pelo complexo de Édipo, que para ele é o que permitirá a criança definir-se sexualmente (isto após ter extraído das relações com o pai e/ou com a mãe as referências necessárias a essa definição).
Segundo Freud, o conhecimento é resultante daquilo que ele chama de castração. É angústia da castração que a conduz à busca do conhecer, ou do querer saber. Porque as pessoas são diferentes sexualmente?Porque meninas e  meninos tem os corpos deferente? 
Essas perguntas colocam a criança em diante de imensa perplexidade, o que gera na mente da criança a sensação da perda, ora, se meninas e meninos são diferentes pode ser que  em algum dia eram iguais. As diferenças foram certamente geradas pela perda (É isso que se passa na mente da criança segundo) essa sensação de perda é para Freud o que envolve a criança no desejo da descoberta. Os questionamentos de ordem sexual demarcam as primeiras empreitadas da criança na busca do conhecer, as descobertas sexuais são as indagações pioneiras da criança. Todavia entenderá Freud, que ao aos poucos essas indagações serão reprimidas pelo processo cultural, onde outras indagações serão substituídas pelas antigas investigações sexuais.
O processo de aquisição cultural ou aprendizagem é para Freud, intermediado por alguém que ocupa um lugar do pai ou da mãe no mundo da criança. Para Freud é o professor quem inevitavelmente será o alvo daquilo que ele chamará de transferência, onde a criança substituirá o pai ou a mãe pela figura do mestre, desta feita o professor assumirá uma extraordinariamente perigosa que poderá ao mesmo tempo resultar em consequências positivas ou negativas no processo de aprendizagem. Caberá ao educador a inevitável tarefa de saber decidir que ações  deverá tomar diante de determinada situação.
Se por um lado a tentativa de repreensão à atividade transferencial   exercida pela criança poderá ser uma atitude cruel por parte do professor, por outro lado aceitar as condições da transferência sem reação (mesmo com uma intenção positiva) será uma atitude muitíssimo perigosa. Assim o professor é quem deverá buscar agir de forma sempre racional e coerente, não sendo radical jamais em sua decisão, já que o que está em jogo é toda uma vida de aprendizagem que começa na infância.




[1] Graduado em  Filosofia (Bacharelado e Licenciatura Plena) pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Pós-graduado em Educação, Diversidade e Inclusão Social pela Universidade Católica  Dom Bosco (UCDB). Professor da Rede Estadual de Educação – SEDUC/PA.  Coordenador do Núcleo de Cultura e Educação Popular  do Instituto Caboclo da Amazônia. Membro da Academia Igarapémiriense de letras cadeira nº 01- patrono Manoel Alexandrino Correa Machado.



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