Quem
disse que 08 de março é para ser comemorado? Se até hoje centenas de mulheres
continuam sofrendo na pele os mais diversos tipos de violência? Quem disse que
o esse dia é para ser comemorado? Se até os dias de hoje a tão sonhada
participação feminina ainda não é plena. É só olhar para governos e
partidos e perceber que poucos são os que respeitam a equidade de gênero, com
candidaturas femininas autênticas (isto é não apenas para cumprir tabela, e
garantir candidaturas masculinas), assim como em composição de secretarias de
governos ou ministérios, entre outros tantos exemplos.
É
bom que se saiba que nos dias mais de 50% dos eleitores brasileiros são
mulheres. Esses números também já se repetem nas candidaturas do país, onde
mais da metade dos candidatos são do sexo feminino. No entanto o número de
mulheres eleitas ainda é muito pequeno, em 2016 apenas 12 % dos candidatos
eleitos são mulheres.
Vejam
que as desigualdades vão à diante, é só comparar salários de homens e mulheres
em funções equivalentes e perceber que violências diversas continuam sendo
praticadas diariamente em frente de nossos olhos. Claro que nos dias de hoje já
temos instrumentos que permitem coibir e enfrentar essas práticas de
violências, como lei Maria da Penha, a legislação trabalhista e a própria
legislação eleitoral, e assim por diante. Mas todos esses instrumentos não tem
sido suficiente para eliminar as práticas violência. Sendo necessário empenho
de todos para enfrentar esse problema.
No
entanto este dia é para ser celebrado como símbolo e marco da resistência
protagonizada por mulheres que ousaram enfrentar a injustiça e a opressão que
durante séculos sempre foi imposta ao gênero.
Este
dia é sim de homenagem e celebração pela luta de mulheres com que com ousadia
tem ocupado espaços tornando-se lideranças em todos os segmentos. No município
de Igarapé-Miri, cito a exemplo Benedita dos Santos (Benoca), destaque nos
movimentos sociais e grupos culturais do município. Símbolo de resistência e
luta contra a violência e o preconceito racial. Cito também o exemplo da hoje
musa do carimbó, a moça das “travessias e travessuras”, Dona Onete Gama,
que tanto nos orgulha, que tanto nos encanta com a sua poesia e musicalidade.
Seu exemplo nos ensina que nunca é tarde para sonhar e realizar. E que
para o sucesso não precisa se inventar, mas valorizar aquilo que se tem. A
menina do Rio das Flores cresceu e ganhou o mundo, sem esquecer-se de onde veio
e por onde andou. Sua música nos contagia e nos faz tremer de emoção ao sabor
do jambu. Ela que buscou na música a oportunidade de sacramentar a própria
liberdade.
Enfim
este dia é sim para homenagear mulheres que diferente das mulheres de Atenas
não se curvam. Não se limitam a ser coadjuvantes. Não se contentam com as
injustiças e vão ocupando os espaços na sociedade. Seja na política ou nas
universidades, nos sindicatos, nas artes, ou em qualquer espaço. Mulheres que
não se contatam com a vida privada do oikos (casa), mas reivindicam a sua
participação na ágora (praça) contribuindo assim com os destinos da cidade.
[1] Graduado
em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura Plena) pela Universidade Federal do
Pará – UFPA. Pós-graduado em Educação, Diversidade e Inclusão Social pela
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Professor da Rede Estadual de Educação
– SEDUC/PA. Coordenador do Núcleo de Cultura e Educação Popular do
Instituto Caboclo da Amazônia. Vice – Presidente da Academia Igarapemiriense de
Letras cadeira nº 01- patrono Manoel Alexandrino Correa Machado.
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