segunda-feira, 13 de março de 2017

DIA INTERNACIONAL DA MULHER: O QUE COMEMORAR?






Antonio Marcos Ferreira [1
Quem disse que 08 de março é para ser comemorado? Se até hoje centenas de mulheres continuam sofrendo na pele os mais diversos tipos de violência? Quem disse que o esse dia é para ser comemorado? Se até os dias de hoje a tão sonhada participação feminina ainda não é plena.  É só olhar para governos e partidos e perceber que poucos são os que respeitam a equidade de gênero, com candidaturas femininas autênticas (isto é não apenas para cumprir tabela, e garantir candidaturas masculinas), assim como em composição de secretarias de governos ou ministérios, entre outros tantos exemplos.
É bom que se saiba que nos dias mais de 50% dos eleitores brasileiros são mulheres. Esses números também já se repetem nas candidaturas do país, onde mais da metade dos candidatos são do sexo feminino. No entanto o número de mulheres eleitas ainda é muito pequeno, em 2016 apenas 12 % dos candidatos eleitos são mulheres.
Vejam que as desigualdades vão à diante, é só comparar salários de homens e mulheres em funções equivalentes e perceber que violências diversas continuam sendo praticadas diariamente em frente de nossos olhos. Claro que nos dias de hoje já temos instrumentos que permitem coibir e enfrentar essas práticas de violências, como lei Maria da Penha, a legislação trabalhista e a própria legislação eleitoral, e assim por diante. Mas todos esses instrumentos não tem sido suficiente para eliminar as práticas violência. Sendo necessário empenho de todos para enfrentar esse problema.
No entanto este dia é para ser celebrado como símbolo e marco da resistência protagonizada por mulheres que ousaram enfrentar a injustiça e a opressão que durante séculos sempre foi imposta ao gênero.
Este dia é sim de homenagem e celebração pela luta de mulheres com que com ousadia tem ocupado espaços tornando-se lideranças em todos os segmentos. No município de Igarapé-Miri, cito a exemplo Benedita dos Santos (Benoca), destaque nos movimentos sociais e grupos culturais do município. Símbolo de resistência e luta contra a violência e o preconceito racial. Cito também o exemplo da hoje  musa do carimbó, a moça das “travessias e travessuras”, Dona Onete Gama, que tanto nos orgulha, que tanto nos encanta com a sua poesia e musicalidade.  Seu exemplo nos ensina que nunca é tarde para sonhar e realizar. E que para o sucesso não precisa se inventar, mas valorizar aquilo que se tem. A menina do Rio das Flores cresceu e ganhou o mundo, sem esquecer-se de onde veio e por onde andou. Sua música nos contagia e nos faz tremer de emoção ao sabor do jambu. Ela que buscou na música a oportunidade de sacramentar a própria liberdade.
Enfim este dia é sim para homenagear mulheres que diferente das mulheres de Atenas não se curvam. Não se limitam a ser coadjuvantes. Não se contentam com as injustiças e vão ocupando os espaços na sociedade. Seja na política ou nas universidades, nos sindicatos, nas artes, ou em qualquer espaço. Mulheres que não se contatam com a vida privada do oikos (casa), mas reivindicam a sua participação na ágora (praça) contribuindo assim com os destinos da cidade.
[1] Graduado em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura Plena) pela Universidade Federal do Pará – UFPA. Pós-graduado em Educação, Diversidade e Inclusão Social pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Professor da Rede Estadual de Educação – SEDUC/PA.  Coordenador do Núcleo de Cultura e Educação Popular do Instituto Caboclo da Amazônia. Vice – Presidente da Academia Igarapemiriense de Letras cadeira nº 01- patrono Manoel Alexandrino Correa Machado.


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