segunda-feira, 22 de maio de 2017

DISCURSO DE ORADOR NA CERIMÔNIA DE POSSE DA ACADEMIA IGARAPEMIRIENSE DE LETRAS


(Antonio Marcos Ferreira, membro da Academia Igarapemiriense Letras, cadeira nº 1, patrono Manoel Alexandrino de Castro Machado)

Ai, palavras, ai palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai palavras,
sois o vento, ides no vento,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!

Senhoras e senhores, com este poema de Cecília Meireles, quero iniciar este breve discurso citando o poder da palavras em nossas vidas e o significado deste momento onde celebramos publicamente a criação da Academia Igarapemiriense Letras.  Acrescento a essa introdução o trecho de um poema de minha autoria, onde parafraseando o poeta Fernando Pessoa escrevo “O poeta é diferente, mas não é maluco ao descrever o que sente, fala da vida, fala do amor, fala dele mesmo, não é um simples sonhador, é de fato fingidor e até finge estar contente quanto estar sofrendo em dor”.
Quero assim cumprimentar as autoridades aqui presentes, assim como cada convidados dos nobres imortais da AIL, e claro, que de modo muito particular tenho a peculiar satisfação em cumprimentar cada um dos confrades responsáveis pela criação e instalação da Academia Igarapemiriense de Letras.
Quero inicialmente cumprimentar a senhora Graça Lobato Garcia, presidente da Academia Paraense Literária Interiorana, herdeira do saudoso escritor miriense e nosso patrono, Eládio Correa Lobato, nome decidido por unanimidade por este silogeu, por conta da incontestável contribuição de quem tanto amou Igarapé-Miri e fez questão de deixar registrado em dezenas de obras publicadas em vida, Caminho de Canoa Pequena,  Festa Religiosas Centenárias, Sequestro de D. Pedro I e outros fatos, Centenário da Festa de Nazaré e Maiauatá, Gêmea do Cupim... só para citar algumas obras de seu legado, além de uma obra que eu considero fantástica dada ao quantidade de conteúdo qual retrata o ciclo da cana de açúcar e a economia miriense daquela época,  estou me referindo a obra “Memória dos Engenhos do Baixo Tocantins”, organizada e publicada após o seu falecimento pela sua filha  Graça. Político atuante, foi vereador, prefeito, deputado, jornalista (...), editou por muitos anos o Correio de Igarapé-Miri, aliás foi graças a esse instrumento que tive a oportunidade de me aproximar, tanto de Eládio, quanto de Graça Garcia. 
Senhora Graça Lobato Garcia, devo aqui manifestar o meu imenso respeito e minha admiração pela história da sua família e dizer que a criação da AIL tem a contribuição indiscutível da senhora.
Preciso aqui relatar que em 2014 recebemos assinado pela Senhora Graça um oficio   nos informando de uma secção da APLI na qual  citava o desenvolvimento das publicações literárias nesta terra, e apresentava o desejo da APLI de que neste município fosse iniciada a discussão sobre criação de uma agremiação literária que reunisse os produtores da escrita neste torrão, ao mesmo tempo em que demostrava a disposição da APLI em colaborar diretamente na organização da futura entidade, o documento foi endereçado ao Conselho Municipal de Cultura, cuja função de presidente era exercida por mim naquele momento. No mesmo documento a senhora Graça Garcia nos indicou o nome da poetisa também miriense e integrante da APLI Anne Veloso Monteiro (hoje ministra mundial da poesia) para assim ajudar com as orientações burocráticas, o que assim de fato ocorreu.
Na ocasião o Conselho Municipal de Cultura, através da Câmara Setorial Literatura achou por uma questão de coerência procurar dialogar com o segmento literário. Foi assim que se buscou de imediato dialogar com o Instituto Caboclo da Amazônia, pela via interna do Núcleo de Cultura e Educação Popular, cuja envolvimento literário já havia se materializado com a publicação da 1ª Antologia de Poema, Contos e outros gêneros textuais, intitulada Escritos em Verso e Prosa.  Assim a apropriação da discussão pelo Incam foi sem dúvida determinante os diversos encontros que culminariam com o momento de instalação da AIL, ocorrido em 24 de julho de 2015.
Devo dizer no entanto que a meta de criação de uma Academia Literária Miriense   já era rascunhada em diversos momentos de diálogos entre Israel Fonseca Araújo e Eu, já 2008/2009 após a publicação do obra Contrastes: poemas que nascem na Amazônia, através da qual passamos a reunir diversos amigos e amigas, também amantes da escrita e da leitura, fizemos diversas rodas de conversa, muitas delas tendo como palco a auditório da Escola Estadual Enedina Sampaio Melo.
Com a criação do Instituto Caboclo da Amazônia, esses debates seriam aperfeiçoados. A literatura passaria a integrar diálogos importantes sobre educação, cultura e desenvolvimento sustentável na região. Devo aqui dizer que o INCAM iniciou com membros na maioria jovens que após voltarem estudar de suas graduações em outros município começaram a fazer debates no sentido de contribuir com discussões importantes, promovendo Fóruns, Feiras entre outros.
Quero aqui destacar a nossa aproximação com o coordenador artístico Cultural da pró-reitora de extensão da UFPA, nosso confrade e editor João de Castro, pessoa que nos abriu portas para o caminho das publicações.  Desde de 2010 quando nos aproximamos de João de Castro, dezenas de obras miriense começaram a ser publicadas. Da mesma forma foi através de Joao de Castro que nossos trabalhos começaram a ganhar espaços na Feira da PAN amazônica do livro, assim como em outros espaços da capital e em outros municípios. É certo que também devemos a Joao de Castro os inúmeros incentivos a instalação da AIL.  
A criação da Academia Igarapemiriense chegou entrar como meta prevista no plano municipal de cultura, após debates construídos nas conferencia municipal de cultura de 2014. Mas foi em 2015 a AIL se concretizou e hoje chegou o dia oportuno para se sacramentar esse momento tão cheio de significado para cada um de nós.
Retomando ao poder da palavra descrita na poesia de Cecília Meireles no início desta minha fala devo dizer que grande é tarefa de quem a diz. Não que o quem escreve sempre tenha que escrever no intuito de ser entendido.  Nos dizeres de Nietsche "O ... "Não sequer apenas ser compreendido, quando se escreve, mas também, mas também por certo não ser compreendido”. Vê-se que nisso também consiste a virtude daquele que produz, é só lembrar para momentos de ditadura, e lembrar dos tantos recursos linguísticos utilizados para dificultar a compreensão. É certo que nós acadêmicos estaremos cientes disso.
“Ai palavras, ai palavras, que estranha potência vossa!


VIVA A ACADEMIA IGARAPEMIRIENSE DE LETRAS. Viva Igarapé-Miri.  

Informações complementares:

1. Discurso proferido no dia 20/05/2017, no salão de reuniões da Câmara Municipal de Igarapé – Miri, por ocasião da posse de 13 imortais da AIL.