(Antonio Marcos Ferreira, membro da Academia Igarapemiriense Letras, cadeira nº 1, patrono Manoel Alexandrino de Castro Machado)
Ai, palavras, ai palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai palavras,
sois o vento, ides no vento,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!
Senhoras
e senhores, com este poema de Cecília Meireles, quero iniciar este breve
discurso citando o poder da palavras em nossas vidas e o significado deste
momento onde celebramos publicamente a criação da Academia Igarapemiriense
Letras. Acrescento a essa introdução o
trecho de um poema de minha autoria, onde parafraseando o poeta Fernando Pessoa
escrevo “O poeta é diferente, mas não é
maluco ao descrever o que sente, fala da vida, fala do amor, fala dele mesmo,
não é um simples sonhador, é de fato fingidor e até finge estar contente quanto
estar sofrendo em dor”.
Quero
assim cumprimentar as autoridades aqui presentes, assim como cada convidados dos
nobres imortais da AIL, e claro, que de modo muito particular tenho a peculiar
satisfação em cumprimentar cada um dos confrades responsáveis pela criação e instalação
da Academia Igarapemiriense de Letras.
Quero
inicialmente cumprimentar a senhora Graça Lobato Garcia, presidente da Academia
Paraense Literária Interiorana, herdeira do saudoso escritor miriense e nosso
patrono, Eládio Correa Lobato, nome decidido por unanimidade por este silogeu,
por conta da incontestável contribuição de quem tanto amou Igarapé-Miri e fez
questão de deixar registrado em dezenas de obras publicadas em vida, Caminho de
Canoa Pequena, Festa Religiosas
Centenárias, Sequestro de D. Pedro I e outros fatos, Centenário da Festa de
Nazaré e Maiauatá, Gêmea do Cupim... só para citar algumas obras de seu legado,
além de uma obra que eu considero fantástica dada ao quantidade de conteúdo
qual retrata o ciclo da cana de açúcar e a economia miriense daquela
época, estou me referindo a obra “Memória
dos Engenhos do Baixo Tocantins”, organizada e publicada após o seu falecimento
pela sua filha Graça. Político atuante,
foi vereador, prefeito, deputado, jornalista (...), editou por muitos anos o
Correio de Igarapé-Miri, aliás foi graças a esse instrumento que tive a
oportunidade de me aproximar, tanto de Eládio, quanto de Graça Garcia.
Senhora
Graça Lobato Garcia, devo aqui manifestar o meu imenso respeito e minha
admiração pela história da sua família e dizer que a criação da AIL tem a
contribuição indiscutível da senhora.
Preciso
aqui relatar que em 2014 recebemos assinado pela Senhora Graça um oficio nos
informando de uma secção da APLI na qual citava o desenvolvimento das publicações
literárias nesta terra, e apresentava o desejo da APLI de que neste município fosse
iniciada a discussão sobre criação de uma agremiação literária que reunisse os
produtores da escrita neste torrão, ao mesmo tempo em que demostrava a
disposição da APLI em colaborar diretamente na organização da futura entidade, o
documento foi endereçado ao Conselho Municipal de Cultura, cuja função de
presidente era exercida por mim naquele momento. No mesmo documento a senhora
Graça Garcia nos indicou o nome da poetisa também miriense e integrante da APLI
Anne Veloso Monteiro (hoje ministra mundial da poesia) para assim ajudar com as
orientações burocráticas, o que assim de fato ocorreu.
Na
ocasião o Conselho Municipal de Cultura, através da Câmara Setorial Literatura achou
por uma questão de coerência procurar dialogar com o segmento literário. Foi
assim que se buscou de imediato dialogar com o Instituto Caboclo da Amazônia,
pela via interna do Núcleo de Cultura e Educação Popular, cuja envolvimento
literário já havia se materializado com a publicação da 1ª Antologia de Poema,
Contos e outros gêneros textuais, intitulada Escritos em Verso e Prosa. Assim a apropriação da discussão pelo Incam
foi sem dúvida determinante os diversos encontros que culminariam com o momento
de instalação da AIL, ocorrido em 24 de julho de 2015.
Devo
dizer no entanto que a meta de criação de uma Academia Literária Miriense já era rascunhada em diversos momentos de diálogos
entre Israel Fonseca Araújo e Eu, já 2008/2009 após a publicação do obra
Contrastes: poemas que nascem na Amazônia, através da qual passamos a reunir
diversos amigos e amigas, também amantes da escrita e da leitura, fizemos
diversas rodas de conversa, muitas delas tendo como palco a auditório da Escola
Estadual Enedina Sampaio Melo.
Com
a criação do Instituto Caboclo da Amazônia, esses debates seriam aperfeiçoados.
A literatura passaria a integrar diálogos importantes sobre educação, cultura e
desenvolvimento sustentável na região. Devo aqui dizer que o INCAM iniciou com
membros na maioria jovens que após voltarem estudar de suas graduações em
outros município começaram a fazer debates no sentido de contribuir com
discussões importantes, promovendo Fóruns, Feiras entre outros.
Quero
aqui destacar a nossa aproximação com o coordenador artístico Cultural da
pró-reitora de extensão da UFPA, nosso confrade e editor João de Castro, pessoa
que nos abriu portas para o caminho das publicações. Desde de 2010 quando nos aproximamos de João
de Castro, dezenas de obras miriense começaram a ser publicadas. Da mesma forma
foi através de Joao de Castro que nossos trabalhos começaram a ganhar espaços
na Feira da PAN amazônica do livro, assim como em outros espaços da capital e
em outros municípios. É certo que também devemos a Joao de Castro os inúmeros
incentivos a instalação da AIL.
A
criação da Academia Igarapemiriense chegou entrar como meta prevista no plano municipal
de cultura, após debates construídos nas conferencia municipal de cultura de
2014. Mas foi em 2015 a AIL se concretizou e hoje chegou o dia oportuno para se
sacramentar esse momento tão cheio de significado para cada um de nós.
Retomando ao poder da palavra descrita na poesia de Cecília
Meireles no início desta minha fala devo dizer que grande é tarefa de quem a
diz. Não que o quem escreve sempre tenha que escrever no intuito de ser
entendido. Nos dizeres de Nietsche "O ... "Não sequer apenas ser
compreendido, quando se escreve, mas também, mas
também por certo não ser compreendido”. Vê-se que nisso também consiste a
virtude daquele que produz, é só lembrar para momentos de ditadura, e lembrar
dos tantos recursos linguísticos utilizados para dificultar a compreensão. É
certo que nós acadêmicos estaremos cientes disso.
“Ai palavras, ai palavras, que
estranha potência vossa!
VIVA
A ACADEMIA IGARAPEMIRIENSE DE LETRAS. Viva Igarapé-Miri.
Informações complementares:
Informações complementares:
1. Discurso proferido no dia 20/05/2017, no salão de
reuniões da Câmara Municipal de Igarapé – Miri, por ocasião da posse de 13
imortais da AIL.