terça-feira, 19 de dezembro de 2017
domingo, 15 de outubro de 2017
UMA SINGELA HOMENAGEM A QUEM MERECE
Antonio
Marcos Ferreira[1]
A
todos os meus colegas
Parceiros
de profissão
Quero
expressar minha homenagem
Nesta
singela mensagem
Aos
mestres da educação
Foi
no ano de 63[2]
Que
a data foi oficializada
Por
decreto federal
Que
no território nacional
Seria
então celebrada
O
decreto da sua essência
Trazia
o seguinte teor
“Promover
solenidade
Junto
com a comunidade
Em
homenagem ao professor”
Passando-se
várias décadas
Perguntamo-nos
então
Quais
foram nossas conquistas
E
que desafios estão à vista
No
campo da educação
E
para responder bem breve
Expresso
indignação
E
clamo desse momento
Por
mais reconhecimento
Aos
profissionais da educação
Não
só salários decentes
É
nossa reivindicação
Mas
por estrutura e respeito
Que
ousamos bater no peito
E
pedir vossa atenção
Preservem
nossos direitos
É
o que pede a categoria
De
uma profissão milenar
De
quem se dedica a educar
É
que hoje celebra seu dia
Parabéns
aos professores
Heróis
dessa nação
Quero
assim homenagear
E
felicitações quero prestar
Aos
mestre da educação!
[1] Graduado em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura
Plena) pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Pós-graduado em Educação,
Diversidade e Inclusão Social pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
Professor da Rede Estadual de Educação – SEDUC/PA. Coordenador do Núcleo de Cultura e Educação
Popular do Instituto Caboclo da Amazônia. Membro da Academia Igarapemiriense de
letras cadeira nº 01- patrono Manoel Alexandrino Correa Machado.
[2] A data foi oficializada nacionalmente por
decreto nº 52.682, de 14 de outubro de 1963
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
CAMINHOS DO POETA: UMA ABORDAGEM DESCRITIVA SOBRE A VIDA DE MANOEL MACHADO
Antonio
Marcos Ferreira[i]
Produzir uma narrativa descritiva da vida do saudoso miriense Manoel
Machado é tarefa que assumo com liberdade e indescritível satisfação, dada a
importância do poeta que considero o maior cordelista que por essas “bandas” tive
a oportunidade de conhecer e traçar ainda que breve diálogo em vista da
avançada idade e complicada situação de saúde pela qual passava o escritor no
período de nossa aproximação.
Ainda assim, digo esse tempo de convivência limitada me instigou ao conhecimento
dos mais importantes momentos e fatos da vida de Manoel Machado. Acrescento
ainda minha gratidão pela família do poeta, com a qual desfruto hoje de amizade
e respeitosa aproximação, sobretudo sua esposa – viúva dona Nazaré Machado e um
dos seus herdeiros, o matemático Maelson Nazareno Machado, que com talento
similar também atreve-se a trilhar o trajeto poético do pai, inclusive com
assento na recém constituída Academia Igarapemiriense de Letras.
Consta
no documento de registro geral de Manoel Machado as informações de seu
nascimento, cujo nome de batismo é Manoel Alexandrino de Castro Machado, datado à 22 de setembro de 1929, na comunidade
de Rio das Flores, distrito do Maiauatá, município de Igarapé-Miri. Filho de Pedro
Paulo Machado, que atuava como comissário (na época, uma espécie de
representante da comunidade junto a polícia civil do município) e Isabel de
Castro Machado (a qual exercia a função de professora).
Desde
sua infância, já mostrava a paixão pela poesia, tendo sua mãe como principal
incentivadora. Seu talento começou logo
a ser notado a ponto de com apenas dez anos de idade ter sido convidado a
recitar um poema ao então Governador do Estado do Pará, Joaquim Magalhães Cardoso
Barata, ou simplesmente Barata. Foi aí que colocado em cima de uma cadeira o
então garoto assim declamou:
Tu já viste a árvore correr atrás do
garoto que lhe atira pedra? Pensas por ventura que a árvore não tem
sensibilidade e consciência dos seus frutos e das suas flores. Tem! Mas, Deus
prevendo o futuro, enraizou-a no chão para que ela não se esquecesse do seu
dever, de perder tempo para vingar injúrias. (Fragmento do poema “O menino e a
árvore” - não se tem certeza sobre a autoria do mesmo)
Conta
Maelson, que após recitação o menino teria sido ovacionado graças a percepção
de seu talento e entonação para uso público da palavra, habilidade que mais
tarde seria cada vez mais aprimorada em dezenas de produções em cordel construídas
pelo poeta popular.
Durante
sua juventude trabalhou de empregado com um comerciante na própria localidade,
tendo depois se mudado para a cidade de Igarapé-Miri, onde casou-se com a jovem
Nazaré, a qual encantou-se com tipo galanteador do poeta, prosador, artesão contador
de estórias, entre outras virtude de Manoel Machado. Durante o longo tempo de vida conjugal o casal
concebeu a paternidade de cinco filhos, sendo os quais cito respectivamente
conforme ordem de nascimento: Nilzeth, Maelson,
Mozaniel (este tento falecido ainda na
infância), Mailson e a caçula Nildete , além de Núbia (fruto de uma primeira relação
de Nazaré) e Jesus das Graças “ Jota”
(este adotado pelo casal) , os quais Machado
cuidou e educou tão bem quanto os demais.
Sua
habilidade com as rimas (literatura de cordel) lhe renderam popularidade em seu
Igarapé-Miri e em outras cidades da região, tendo sido convidado por vários
políticos e celebridades para escrever sobre suas trajetórias de vida.
Publicou
dezenas de trabalhos[1] de forma artesanal
(folhetos) dentre os quais podemos citar: “Nossa
Terra, Nossa Gente; Brasil 500 anos; Os Artistas de Igarapé-Miri; Igarapé-Miri
na era dos Engenhos;” além da “Balsa
dos Derrotados” que a cada período de eleição levava o povo miriense a rir
e se divertir com os resultados eleitorais. Vale lembrar que “A balsa dos derrotados” continua sendo
produzida por Maelson Machado, além de outros escritores que também narram de
forma cômica o resultado das eleições municipais.
Teve
certo envolvimento direto com a política partidária tendo filiado - se ao então
PDS, chegando a concorrer três vezes a câmara de vereadores, mas em nenhuma das
vezes conseguiu se eleger. Da mesma forma, apesar do seu envolvimento
partidário nunca ocupou cargo público no município.
Logo
que chegou à cidade de Igarapé-Miri, Machado começou a vida vendendo cafezinho
em frente ao hospital. Trabalhou depois com o empresário Ticiano Miranda. Mas com a determinação que tinha e com as
economias que fazia, chegou a ser proprietário de olaria (na época essa atividade,
financeiramente rendia bastante). Chegou a possuir diversos barcos de pequeno porte
na época em que ficou conhecido como o “Rei
dos Tijolos”. Conseguiu construir um barco de tamanho bem maior, competindo
assim com os grandes proprietários e empresários da época, mas o feito
coincidiu com sua 3ª tentativa de candidatura a vereador, onde o poeta após
perder eleição acabou desfazendo-se do barco para saldar dívidas eleitorais. Foi
proprietário da banca de jogo do bicho “À
Collorida”, uma homenagem ao então presidente da República Fernando Collor
de Melo.
Após
a aposentadoria, sua diversão diária era estar com os amigos no fim de tarde
jogando “sueca”, contando piadas e
recitando seus trabalhos.
Pelo
que vimos do poeta, devo dizer que Machado se equipara aos grandes cordelistas
do país, que a exemplo do nordestino Antônio Gonçalves da Silva “o Patativa do
Assaré” conseguiu revelar seu talento enorme com as palavras mesmo sem ter tido
formação escolar. Machado estudou até a terceira sério do primário, mas sua
curiosidade com as letras foram aos poucos lhe conduzindo ao universo da
literatura de cordel. É certo que teve influência de vários cordelistas nacionais
ou portugueses e leu folhetos que na época eram novidades ao trazer narrativas
épicas como “Vicente Rei dos Ladrões”, de Manoel Almeida Filho.
Manoel
Machado, na sua simplicidade e obstinação poética transformou-se em espelho
para cordelistas de hoje. E posso dizer que devo a Machado o gosto inicial por
esse tipo de literatura.
Em
suma Manoel Machado é para ser conhecido, lido e se possível compreendido. Manoel Machado morreu no dia 08 de junho de 2010. Tendo o seu velório ocorrido na Casa da
Cultura onde várias homenagens lhe foram dedicadas.
[1] Lista de as produções do
poeta: Nossa Terra Nossa Gente (1988), A
Vitória de Danda e a Balsa dos Derrotados (1988), Para Deputado Estadual Miguel
Pantoja ou Nº 11.108 (1990), Vamos Colorir! Para Presidente do Brasil Collor
(1990), A Vitória de Collor e a Balsa dos Derrotados (1990), Governador Hélio
Gueiros “Nota 100” (1990), A Vitória de Jáder e a Balsa dos Derrotados (1990),
Igarapé-Miri, Terra de Sant’Ana (1991), Para Prefeito de Igarapé-Miri Miguel
Pantoja (1992), A Vitória de Miguel Pantoja e a Balsa dos Derrotados (1992),
Lembrança da Visita de Nossa Senhora de Nazaré à Cidade de Igarapé-Miri e à
Vila Maiauatá (1992), A Visita de Papai Noel em Igarapé-Miri (1993), O Brasil
dos Brasileiros (1994), Brasil Classificado para a Copa de 1994 (1993), Brasil
Tetra Campeão “A Taça do Mundo é Nossa!” (1994), A Trajetória de Gérson Peres
“O Patativa do Tocantins” (1994, A Trajetória da Vida e Morte de Padre Henrique
(1995), Para Vereador Manoel Machado (1996), Para Prefeito de Igarapé-Miri
Alberone Lobato Vice Eládio Lobato (1996),A Vitória de Mário Leão e a Balsa dos
Derrotados (1996), A Vitória de Almir Gabriel e a Balsa dos Derrotados (1998),
Para Deputado Estadual Miguel Pantoja ou Nº 25.200 (2000), Brasil 500 Anos
(2000), Por Amor a Nossa Terra “Mário Leão” (2000),A Vitória do Dr. Mário e a
Balsa dos Derrotados (2000),O Trabalho não pode parar para Prefeito “Parola”
(2000),Homenagem ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2000),Festividade de Nª
Sª Santana (2001), Igarapé-Miri na Era dos Engenhos (2001),A Biografia em
Versos de Ticiano Corrêa de Miranda (2002),Para Deputado Estadual Dr. Otávio
Sinimbú (2002),Vote Gerson Peres para Senador (2002),Vote no Dr. Simão Jatene
para Governador (2002),A Vitória de Dilza Pantoja e a Balsa dos Derrotados
(2004), Trajetória de Vida e Morte de José Mendes Pantoja “Talico” (2006), Os
Artistas de Igarapé-Miri (2008), Igarapé-Miri, Terra de Sant’Ana “Atualizado” (2008), A Vitória de Roberto
Pina e a Balsa dos Derrotados (2008). Além dos trabalhos não divulgados:
Homenagem ao Governador Jáder Barbalho (1990),Homenagem a Casa Mirandinha
(2000), Homenagem ao Paysandu Bi Campeão Brasileiro (2001), O Valor de uma
Bengala (2001), Natal do Menino Jesus (2002), Homenagem ao Governador Simão
Jatene (2002), Homenagem a Dra. Virgínia e Dra. Cláudia (2002),Homenagem a Dra.
Cláudia (2003),Recado para a Campanha de Mobilização Social (2004), História de
Vida do Manoel Machado (2008).
[i]
[i]
Graduado em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura
Plena) pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Pós-graduado em Educação,
Diversidade e Inclusão Social pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
Professor da Rede Estadual de Educação – SEDUC/PA. Coordenador do Núcleo de Cultura e Educação
Popular do Instituto Caboclo da Amazônia. Membro da Academia Igarapemiriense de
letras cadeira nº 01- patrono Manoel Alexandrino Correa Machado.
segunda-feira, 22 de maio de 2017
DISCURSO DE ORADOR NA CERIMÔNIA DE POSSE DA ACADEMIA IGARAPEMIRIENSE DE LETRAS
(Antonio Marcos Ferreira, membro da Academia Igarapemiriense Letras, cadeira nº 1, patrono Manoel Alexandrino de Castro Machado)
Ai, palavras, ai palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai palavras,
sois o vento, ides no vento,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!
Senhoras
e senhores, com este poema de Cecília Meireles, quero iniciar este breve
discurso citando o poder da palavras em nossas vidas e o significado deste
momento onde celebramos publicamente a criação da Academia Igarapemiriense
Letras. Acrescento a essa introdução o
trecho de um poema de minha autoria, onde parafraseando o poeta Fernando Pessoa
escrevo “O poeta é diferente, mas não é
maluco ao descrever o que sente, fala da vida, fala do amor, fala dele mesmo,
não é um simples sonhador, é de fato fingidor e até finge estar contente quanto
estar sofrendo em dor”.
Quero
assim cumprimentar as autoridades aqui presentes, assim como cada convidados dos
nobres imortais da AIL, e claro, que de modo muito particular tenho a peculiar
satisfação em cumprimentar cada um dos confrades responsáveis pela criação e instalação
da Academia Igarapemiriense de Letras.
Quero
inicialmente cumprimentar a senhora Graça Lobato Garcia, presidente da Academia
Paraense Literária Interiorana, herdeira do saudoso escritor miriense e nosso
patrono, Eládio Correa Lobato, nome decidido por unanimidade por este silogeu,
por conta da incontestável contribuição de quem tanto amou Igarapé-Miri e fez
questão de deixar registrado em dezenas de obras publicadas em vida, Caminho de
Canoa Pequena, Festa Religiosas
Centenárias, Sequestro de D. Pedro I e outros fatos, Centenário da Festa de
Nazaré e Maiauatá, Gêmea do Cupim... só para citar algumas obras de seu legado,
além de uma obra que eu considero fantástica dada ao quantidade de conteúdo
qual retrata o ciclo da cana de açúcar e a economia miriense daquela
época, estou me referindo a obra “Memória
dos Engenhos do Baixo Tocantins”, organizada e publicada após o seu falecimento
pela sua filha Graça. Político atuante,
foi vereador, prefeito, deputado, jornalista (...), editou por muitos anos o
Correio de Igarapé-Miri, aliás foi graças a esse instrumento que tive a
oportunidade de me aproximar, tanto de Eládio, quanto de Graça Garcia.
Senhora
Graça Lobato Garcia, devo aqui manifestar o meu imenso respeito e minha
admiração pela história da sua família e dizer que a criação da AIL tem a
contribuição indiscutível da senhora.
Preciso
aqui relatar que em 2014 recebemos assinado pela Senhora Graça um oficio nos
informando de uma secção da APLI na qual citava o desenvolvimento das publicações
literárias nesta terra, e apresentava o desejo da APLI de que neste município fosse
iniciada a discussão sobre criação de uma agremiação literária que reunisse os
produtores da escrita neste torrão, ao mesmo tempo em que demostrava a
disposição da APLI em colaborar diretamente na organização da futura entidade, o
documento foi endereçado ao Conselho Municipal de Cultura, cuja função de
presidente era exercida por mim naquele momento. No mesmo documento a senhora
Graça Garcia nos indicou o nome da poetisa também miriense e integrante da APLI
Anne Veloso Monteiro (hoje ministra mundial da poesia) para assim ajudar com as
orientações burocráticas, o que assim de fato ocorreu.
Na
ocasião o Conselho Municipal de Cultura, através da Câmara Setorial Literatura achou
por uma questão de coerência procurar dialogar com o segmento literário. Foi
assim que se buscou de imediato dialogar com o Instituto Caboclo da Amazônia,
pela via interna do Núcleo de Cultura e Educação Popular, cuja envolvimento
literário já havia se materializado com a publicação da 1ª Antologia de Poema,
Contos e outros gêneros textuais, intitulada Escritos em Verso e Prosa. Assim a apropriação da discussão pelo Incam
foi sem dúvida determinante os diversos encontros que culminariam com o momento
de instalação da AIL, ocorrido em 24 de julho de 2015.
Devo
dizer no entanto que a meta de criação de uma Academia Literária Miriense já era rascunhada em diversos momentos de diálogos
entre Israel Fonseca Araújo e Eu, já 2008/2009 após a publicação do obra
Contrastes: poemas que nascem na Amazônia, através da qual passamos a reunir
diversos amigos e amigas, também amantes da escrita e da leitura, fizemos
diversas rodas de conversa, muitas delas tendo como palco a auditório da Escola
Estadual Enedina Sampaio Melo.
Com
a criação do Instituto Caboclo da Amazônia, esses debates seriam aperfeiçoados.
A literatura passaria a integrar diálogos importantes sobre educação, cultura e
desenvolvimento sustentável na região. Devo aqui dizer que o INCAM iniciou com
membros na maioria jovens que após voltarem estudar de suas graduações em
outros município começaram a fazer debates no sentido de contribuir com
discussões importantes, promovendo Fóruns, Feiras entre outros.
Quero
aqui destacar a nossa aproximação com o coordenador artístico Cultural da
pró-reitora de extensão da UFPA, nosso confrade e editor João de Castro, pessoa
que nos abriu portas para o caminho das publicações. Desde de 2010 quando nos aproximamos de João
de Castro, dezenas de obras miriense começaram a ser publicadas. Da mesma forma
foi através de Joao de Castro que nossos trabalhos começaram a ganhar espaços
na Feira da PAN amazônica do livro, assim como em outros espaços da capital e
em outros municípios. É certo que também devemos a Joao de Castro os inúmeros
incentivos a instalação da AIL.
A
criação da Academia Igarapemiriense chegou entrar como meta prevista no plano municipal
de cultura, após debates construídos nas conferencia municipal de cultura de
2014. Mas foi em 2015 a AIL se concretizou e hoje chegou o dia oportuno para se
sacramentar esse momento tão cheio de significado para cada um de nós.
Retomando ao poder da palavra descrita na poesia de Cecília
Meireles no início desta minha fala devo dizer que grande é tarefa de quem a
diz. Não que o quem escreve sempre tenha que escrever no intuito de ser
entendido. Nos dizeres de Nietsche "O ... "Não sequer apenas ser
compreendido, quando se escreve, mas também, mas
também por certo não ser compreendido”. Vê-se que nisso também consiste a
virtude daquele que produz, é só lembrar para momentos de ditadura, e lembrar
dos tantos recursos linguísticos utilizados para dificultar a compreensão. É
certo que nós acadêmicos estaremos cientes disso.
“Ai palavras, ai palavras, que
estranha potência vossa!
VIVA
A ACADEMIA IGARAPEMIRIENSE DE LETRAS. Viva Igarapé-Miri.
Informações complementares:
Informações complementares:
1. Discurso proferido no dia 20/05/2017, no salão de
reuniões da Câmara Municipal de Igarapé – Miri, por ocasião da posse de 13
imortais da AIL.
segunda-feira, 13 de março de 2017
DIA INTERNACIONAL DA MULHER: O QUE COMEMORAR?
Quem
disse que 08 de março é para ser comemorado? Se até hoje centenas de mulheres
continuam sofrendo na pele os mais diversos tipos de violência? Quem disse que
o esse dia é para ser comemorado? Se até os dias de hoje a tão sonhada
participação feminina ainda não é plena. É só olhar para governos e
partidos e perceber que poucos são os que respeitam a equidade de gênero, com
candidaturas femininas autênticas (isto é não apenas para cumprir tabela, e
garantir candidaturas masculinas), assim como em composição de secretarias de
governos ou ministérios, entre outros tantos exemplos.
É
bom que se saiba que nos dias mais de 50% dos eleitores brasileiros são
mulheres. Esses números também já se repetem nas candidaturas do país, onde
mais da metade dos candidatos são do sexo feminino. No entanto o número de
mulheres eleitas ainda é muito pequeno, em 2016 apenas 12 % dos candidatos
eleitos são mulheres.
Vejam
que as desigualdades vão à diante, é só comparar salários de homens e mulheres
em funções equivalentes e perceber que violências diversas continuam sendo
praticadas diariamente em frente de nossos olhos. Claro que nos dias de hoje já
temos instrumentos que permitem coibir e enfrentar essas práticas de
violências, como lei Maria da Penha, a legislação trabalhista e a própria
legislação eleitoral, e assim por diante. Mas todos esses instrumentos não tem
sido suficiente para eliminar as práticas violência. Sendo necessário empenho
de todos para enfrentar esse problema.
No
entanto este dia é para ser celebrado como símbolo e marco da resistência
protagonizada por mulheres que ousaram enfrentar a injustiça e a opressão que
durante séculos sempre foi imposta ao gênero.
Este
dia é sim de homenagem e celebração pela luta de mulheres com que com ousadia
tem ocupado espaços tornando-se lideranças em todos os segmentos. No município
de Igarapé-Miri, cito a exemplo Benedita dos Santos (Benoca), destaque nos
movimentos sociais e grupos culturais do município. Símbolo de resistência e
luta contra a violência e o preconceito racial. Cito também o exemplo da hoje
musa do carimbó, a moça das “travessias e travessuras”, Dona Onete Gama,
que tanto nos orgulha, que tanto nos encanta com a sua poesia e musicalidade.
Seu exemplo nos ensina que nunca é tarde para sonhar e realizar. E que
para o sucesso não precisa se inventar, mas valorizar aquilo que se tem. A
menina do Rio das Flores cresceu e ganhou o mundo, sem esquecer-se de onde veio
e por onde andou. Sua música nos contagia e nos faz tremer de emoção ao sabor
do jambu. Ela que buscou na música a oportunidade de sacramentar a própria
liberdade.
Enfim
este dia é sim para homenagear mulheres que diferente das mulheres de Atenas
não se curvam. Não se limitam a ser coadjuvantes. Não se contentam com as
injustiças e vão ocupando os espaços na sociedade. Seja na política ou nas
universidades, nos sindicatos, nas artes, ou em qualquer espaço. Mulheres que
não se contatam com a vida privada do oikos (casa), mas reivindicam a sua
participação na ágora (praça) contribuindo assim com os destinos da cidade.
[1] Graduado
em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura Plena) pela Universidade Federal do
Pará – UFPA. Pós-graduado em Educação, Diversidade e Inclusão Social pela
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Professor da Rede Estadual de Educação
– SEDUC/PA. Coordenador do Núcleo de Cultura e Educação Popular do
Instituto Caboclo da Amazônia. Vice – Presidente da Academia Igarapemiriense de
Letras cadeira nº 01- patrono Manoel Alexandrino Correa Machado.
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