domingo, 22 de maio de 2016

A BALSA DOS DERROTADOS E A ESSENCIA DA DEMOCRACIA

Antonio Marcos Quaresma Ferreira[1]

 Com apenas uma semana após o dia da votação, assim como a deflagração dos resultados das eleições municipais (2012) em todo o país, no município de Igarapé-Miri/PA, já podíamos nos deliciar com a leitura do texto em Cordel “A balsa dos derrotados” que a exemplo de outros anos quando era produzido pelo saudoso poeta miriense Manoel Machado (à 2 anos falecido), desta feita nos foi presenteada pelo também poeta Maelson Machado, o  jovem professor e matemático que herdou o legado paterno da habilidade para rimar as palavras  e agora é quem se atreve a escrever “A balsa dos derrotados”, prometendo manter viva essa tradição. A inauguração de sua missão foi para narrar à vitória nas urnas do prefeito eleito Ailson Amaral/Pé de Boto e a consequente derrota de seu oponente o até então prefeito Roberto Pina Oliveira, assim como a queda dos 125 candidatos a vereadores que ao lado dos 13 eleitos somavam 138 concorrentes à Câmara Miriense.
Pois bem, os  povos gregos da antiguidade entendiam que a política é a melhor maneira que o ser humano tem para trabalhar pelo bem comum da sociedade. E entendiam também que é pela ação e pelo discurso que a verdadeira política se manifesta.
Essas ideias constituem a essência da democracia e foram fundamentais para a construção da consciência política no ocidente ao longo dos tempos.  Daí a nossa lamentação por conta do assalto à liberdade promovido pelos regimes totalitários que patrocinaram  uma verdadeira ruptura com o verdadeiro sentido da política. A perda de tal sentido tem se perpetuado até os dias de hoje, sendo triste presenciarmos as inúmeras atitudes de homens e mulheres que na sociedade atual se recusam a contribuir com o processo democrático, se negando a participar do debate político e do confronto de ideias.
É necessário sim que tenhamos a maturidade política para legitimar as decisões que provem do âmbito popular, no entanto é necessário repudiarmos as abusivas práticas antidemocráticas vivenciadas nos nossos dias.  Do contrário, as nossas eleições se continuarão se comparando ao período do coronelismo onde o poder econômico do coronel sempre se sobrepunha a qualquer possibilidade de um adversário que ousasse buscar o poder.
Reiteramos dizendo que é necessário garantir o reconhecimento das decisões do povo, todavia e também necessário combater toda e qualquer atitude que não contribua com a democracia. Digo ainda que aqueles que se recusam passar pela prova do debate político e o confronto de ideias não deveriam sequer sentir o desejo pelo poder em uma sociedade democrática.




[1] Graduado em  Filosofia (Bacharelado e Licenciatura Plena) pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Pós-graduado em Educação, Diversidade e Inclusão Social pela Universidade Católica  Dom Bosco (UCDB). Professor da Rede Estadual de Educação – SEDUC/PA.  Coordenador do Núcleo de Cultura e Educação Popular  do Instituto Caboclo da Amazônia. Membro da Academia Igarapémiriense de letras cadeira nº 01- patrono Manoel Alexandrino Correa Machado.

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