Antonio Marcos Quaresma
Ferreira[1]
Com apenas uma
semana após o dia da votação, assim como a deflagração dos resultados das
eleições municipais (2012) em todo o país, no município de Igarapé-Miri/PA, já podíamos
nos deliciar com a leitura do texto em Cordel “A balsa dos derrotados” que a
exemplo de outros anos quando era produzido pelo saudoso poeta miriense Manoel
Machado (à 2 anos falecido), desta feita nos foi presenteada pelo também poeta
Maelson Machado, o jovem professor e
matemático que herdou o legado paterno da habilidade para rimar as palavras e agora é quem se atreve a escrever “A balsa
dos derrotados”, prometendo manter viva essa tradição. A inauguração de sua
missão foi para narrar à vitória nas urnas do prefeito eleito Ailson Amaral/Pé
de Boto e a consequente derrota de seu oponente o até então prefeito Roberto
Pina Oliveira, assim como a queda dos 125 candidatos a vereadores que ao lado
dos 13 eleitos somavam 138 concorrentes à Câmara Miriense.
Pois bem, os povos
gregos da antiguidade entendiam que a política é a melhor maneira que o ser
humano tem para trabalhar pelo bem comum da sociedade. E entendiam também que é
pela ação e pelo discurso que a verdadeira política se manifesta.
Essas ideias constituem a essência da democracia e foram
fundamentais para a construção da consciência política no ocidente ao longo dos
tempos. Daí a nossa lamentação por conta
do assalto à liberdade promovido pelos regimes totalitários que patrocinaram uma verdadeira ruptura com o verdadeiro
sentido da política. A perda de tal sentido tem se perpetuado até os dias de
hoje, sendo triste presenciarmos as inúmeras atitudes de homens e mulheres que
na sociedade atual se recusam a contribuir com o processo democrático, se
negando a participar do debate político e do confronto de ideias.
É necessário sim que tenhamos a maturidade política para
legitimar as decisões que provem do âmbito popular, no entanto é necessário repudiarmos
as abusivas práticas antidemocráticas vivenciadas nos nossos dias. Do contrário, as nossas eleições se continuarão
se comparando ao período do coronelismo onde o poder econômico do coronel
sempre se sobrepunha a qualquer possibilidade de um adversário que ousasse
buscar o poder.
Reiteramos dizendo que é necessário garantir o
reconhecimento das decisões do povo, todavia e também necessário combater toda
e qualquer atitude que não contribua com a democracia. Digo ainda que aqueles
que se recusam passar pela prova do debate político e o confronto de ideias não
deveriam sequer sentir o desejo pelo poder em uma sociedade democrática.
[1] Graduado
em Filosofia (Bacharelado e Licenciatura
Plena) pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Pós-graduado em Educação,
Diversidade e Inclusão Social pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Professor da Rede Estadual
de Educação – SEDUC/PA. Coordenador do
Núcleo de Cultura e Educação Popular do
Instituto Caboclo da Amazônia. Membro da Academia Igarapémiriense de letras
cadeira nº 01- patrono Manoel Alexandrino Correa Machado.
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