Prof. Antônio Marcos Ferreira[1]
Lendo as páginas do Jornal Diário do Pará da última
terça feira 08/01/12, deparei-me com um texto no mínimo provocativo. O Texto
trazia uma breve abordagem sobre odiscurso do senador Eduardo Suplicy (PT/SP),
que ocupando a tribuna parlamentar em dezembro do ano passado defendia a
inclusão da palavra “AMOR” antes do
lema “Ordem e Progresso”na bandeira brasileira, ocasião em que fora rebatido pelo
seu colega de parlamento, o senador Cristovam Buarque(PDT/DF), que fazendo o
discurso de discórdia expressou-se “ se tivéssemos que fazer uma nova bandeira para o povo
brasileiro, seria preciso tirar tudo que está escrito, já que em nosso país dez
milhões de cidadãos não sabem sequer ler”.
Fiquei pensando sobre o episódio durante toda a
semana e analisando com cuidado o teor das duas arguições e entendi que é
preciso construir o discurso da conciliação entre essas duas falas. Afinal, éevidente
que o senador Cristovam Buarque que até por ser alémde parlamentar, também
professor é conhecedor da realidade educacional no
Brasil e explicitamente quis chamar
atenção para o problema do analfabetismo, que
como bem sabemos é ainda um dos grandes problemas sociais no país. É bem
verdade que do ponto de vista econômico já não somos meros coitadinhos, já que
iniciamos a segunda década do milênio ocupando o sexto lugar entre as potencias
mundiais e com previsões bastante otimistas de logo-logo ultrapassarmos a França e sermos (provavelmente) a 5ª
potência mundial. Todavia quando se fala emdesigualdade social, percebe-se sem
dificuldade nenhuma que o nosso problema está na má distribuição de renda – o
que significa que também uma má distribuição de oportunidades na educação,
acesso à cultura, acesso à saúde, etc. Pela previsão da UNESCO só daqui a 40
anos poderemos alcançar os números desejáveis pela organização.
Podemos até nos entusiasmar de que com a efetivação
do Plano Nacional de Educação – PNE, é possível que os tais números
desejadossejam alcançados até antes, mas é bom não nos iludirmos tanto, pois as
melhorias na educação brasileira tem sido conquistadas a passos de tartarugas.
Arrisco-me a dizer que com a “cambada” de políticos
descomprometidos e desqualificados que ocupam desde as cadeiras das câmaras
municipais aos mais altos cargos do poder, não dá pra confiar que a educação serão
de imediato olhada como prioridade.
Por fim é evidente que o discurso de Cristovam
Buarque faz muito sentido, no entanto não dá pra ignorar o discurso do Senador
Suplicy, afinal se houvesse mais amor em nosso país, haveria mais investimentos
em educação, cultura, saúde, esporte... E, portanto haveria mais oportunidade para
todos. Enfim seriamos um país menos desigual.
[1]Graduado emFilosofia (Bacharelado e Licenciatura
Plena) pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Pós-graduado em Educação,
Diversidade e Inclusão Social pela Universidade CatólicaDom Bosco (UCDB).
Professor da Rede Estadual de Educação – SEDUC/PA. Coordenador do Núcleo de Cultura e Educação
Populardo Instituto Caboclo da Amazônia. Membro da Academia Igarapémiriense de
letras cadeira nº 01- patrono Manoel Alexandrino Correa Machado.
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